quarta-feira, 17 de julho de 2013

Meu mundo dentro de mim


Você já teve a sensação de que esta no lugar errado? De que seu lugar não é onde você está?
Tem vezes que eu fico viajando dentro da minha mente e imaginando como seria se eu tivesse nascido em outro lugar. Na Europa! Talvez na China ou Japão. Ou mesmo em uma tribo indígena. Me pergunto se a vida seria melhor, se seríamos mais felizes. Também tem vezes que eu acho que nasci na época errada, que eu devia ter nascido na época medieval, helenística ou mesmo na Antiguidade filosófica. 

Quando o mundo aqui fora está muito difícil eu entro dentro da minha mente e me pergo em devaneios. Me imagino caminhando numa imensa praia azul. Atrás de mim há uma vasta imensidão de montanhas cinzentas e gigantes. Caminho lentamente pela areia e sinto sob meus pés a sua umidade. A areia parece estar um pouco gelada. Me dirijo para dentro do imenso mar azul. Ele está tão calmo... Então eu me faço na minha mais pura essência natural e sem nenhuma malícia me lanço nu ao mar, nosso eterno pai. Me sinto abraçado pelo mar, sinto seu amor acariciando minha alma e me sinto completo com se eu fosse um, como se eu fosse o mar, como se eu fosse os peixes, como se eu fosse o mundo! 

Adentro pelo fundo anil do mar. É diferente, no meu mundo o fundo do oceano não é escuro! Ele é um azul lindo, um azul que completa minha alma, mas as vezes tenho dificuldade de chegar lá, então me contento com a  profundeza que já estou, é uma sensação incontestável de felicidade. Parece que ali encontro meu eu, parece que ali encontro a felicidade verdadeira. Ali não existe mais ninguém, apenas eu, como vim ao mundo!

De repente eu começo a emergir na água e estou em uma planície azul de água... Eu flutuo sobre a água e alí me sinto meu próprio deus! O Sol está se pondo! O céu é laranja e eu me sinto único, como sou, especial, como o mar me fez. Sinto o vendo acariciando meu rosto, estou de olhos fechados.

Eu mergulho novamente e só enxergo o azul sem fim, o azul da minha alma, limpa e tranquila, a essência de mim é azul. Espere, eu me aproximo da superfície terrestre... Saio da água todo molhado e um vendo um pouco frio sopra em meu corpo, ele quer dizer algo, ele tem uma mensagem para mim. Eu não sei o que! Fale mais alto! Diga! Eu não consigo te ouvir! Que agonia! Impossível, a agonia veio para meu mundo... Como ela pode existir aqui? Eu não lhe dei permissão. Agora me sinto nu, mas eu já o estava. Agora sinto frio, não sei o que está acontecendo. Me sinto desprotegido, mas desprotegido de quem? Em meu mundo apenas eu existo, eu e a natureza e o deus mar, que se faz eu quando nele me mergulho e nos fundimos então.

Com os braços protegendo meu corpo olho à minha frente e vejo uma grande montanha, é tão real que me amedronta. Mas eu não criei aquela montanha! Seu topo é escuro e algo me impede de aproximar-me dela, uma barreira invisível me barra e eu me sinto fraco agora! Minha fantasia foi quebrada de alguma maneira. Tento voltar ao mar mas não consigo algo me segura e o vento sopra mais rápido agora como se tentando falar comigo, mas eu não consigo entender o que ele tenta dizer para mim. Isso me deixa muito triste. Eu me sento no chão e fecho meus olhos na tentativa inútil de decifrar o mensageiro que a mim vem. Uma leve e forte música medieval começa a tocar e agora me faço completo com este novo deus, esta música entra nas minhas artérias e me faz ouvir a mensagem misteriosa! Ela me diz que aquela montanha é o limite que eu ainda não desbravei. Preciso voltar ao mundo real e encontrar a chave para desbravar aquela montanha, um novo deus de mim. Preciso me completar com aquele meu novo deus, aquela nova força que há em mim, uma nova característica divina de minha natureza. Mas eu não quero voltar ao mundo real! Por favor violino divino, eu quero ficar aqui, eu lhe suplico! Não, você tem que voltar, lá é o seu campo de batalha. 

Quando percebo já estou de olhos abertos e a parede de meu quarto sorri para mim como que me saudando ao mundo real. Meu travesseiro está molhado pelas minhas lágrimas e então eu me levanto, vou lutar pela infinitude do mundo que existe dentro de mim, o meu próprio mundo.

Apolo Pensador - Dayvid Fernandes

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