quarta-feira, 17 de julho de 2013

Terapia

Quem sou eu? Bom, eu não sei quem sou eu, e inclusive tenho dificuldades as vezes para conversar com este desconhecido. Este desconhecido que sou eu as vezes me machuca. Este desconhecido é muito desobediente. Muitas vezes não consigo entender ele, e muitas vezes queria ser esta terceira pessoa que sou eu e talvez lograria maior entendimento.

Sou um velho jovem, um cansado revigorado, sou uma nuvem que se recusa a chover, um sol que se recusa deixar a noite vir, uma vida que não quer morrer.

Eu tenho saudade de mim, tenho saudade de não ter sido eu, ou talvez eu tenha saudade de não ter sido o que eu poderia ser.

Vejo tantas famílias, vejo mães, filhos e pais em uma mesa de domingo e um cheiro de almoço familiar. Vejo meus amigos indo para suas casas porque suas mães os esperam com uma xícara de amor para um belo sono. Vejo eles indo sair com seus pais, indo assistir a uma partida de futebol com seus patriarcas, muito belo isso.

Hoje não estou conseguindo escrever muito. Estou sentindo um vazio dentro de mim, estou sentindo que algo morreu dentro de mim, não sei o que aconteceu, mas algo morre a cada dia. Talvez seja saudade, saudade de quem eu sou e ainda não conhecer. Mas é cedo para desistir.

Sabe, eu tenho sim medo da morte. Mas não da morte em si, mas do que vai acontecer aqui depois que eu morrer. Qual "eu" vai continuar vivo? Algum eu vai continuar vivo? Eu não quero morrer: quero continuar vivo nas páginas, na vida de cada um, quero ser inesquecível. Não quero ser um semideus da humanidade, também não quero ser aclamado, eu só não quero morrer. Eu só não quero ser esquecido, não quero que minha existência tenha sido em vão. Também não quero viver em função do agrado alheio.

Quero aprender o máximo que eu puder, não quero alcançar a perfeição, mas quero ser o melhor de mim, quero chegar à plenitude de mim. Mas como posso fazer isso se nem ainda me conheci? Se nem ainda sei as suas vontades, desconhecido eu! Por que você é tão misterioso? Por favor, eu quero te encontrar. Por onde você tem andado? Por onde você tem se escondido? O que foi procurar? Volte para mim minha alma! Não percebe que preciso de você? Eu quero te conhecer!

Será que fugiu para o mar? Caminhando deve estar por algum tapete de areia, ou deitado em algum travesseiro de grama, deve estar em um mundo mais agradável. Minha mente tem estado muito perturbada para ser habitada por mim mesmo. Minha alma deve ter viajada para Istambul, talvez foi para o Tibet ter com os monges e tentar encontrar a cura para meu desconsolo.

Eu andei por poucos lugares mas em todos os lugares que tenho ido, a solidão tem me procurado entre meus conhecidos e tenho percebido que não vale a pena mais ser como eles. Não vale a pena mais ser como eles... Tenho vontade de sair, de sair sem direção, contando com a piedade da Mãe Natureza para me agasalhar com seu amor. Estou precisando de um tempo sozinho, estou precisando ir para um lugar distante, onde meu eu fujão talvez possa me encontrar. Ele sempre encontra a gente nos lugares mais difíceis de se estar.


Dayvid Fernandes-Apolo Pensador

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